Quem encontra pacotes de castanhas lacrados nos supermercados não imagina como é o processo de beneficiamento de oleaginosas. Mais do que colher, armazenar e transportar, a rotina é a base cultural e econômica do povoado de Carrilho. A 4 km de Itabaiana, o distrito está a 54 km de Aracaju, capital sergipana.

Carrilho também é um dos sinônimos para as castanhas, e foi justamente lá que nasceu e cresceu Maria Cristina da Silva. Aos 37 anos,  é a presidente da Cooperativa de Beneficiários de Castanha de Carrilho (Coobec), também conhecida como Itacastanha, e cursa geografia na Universidade Federal de Sergipe.

Contemplada pelo Programa ReDes, a cooperativa hoje emprega 27 famílias e melhorou as condições de vida da população local. Mas a realidade nem sempre foi assim: “A maior dificuldade dos beneficiários de castanhas é a matéria-prima, que não é encontrada no nosso estado. Ela vem principalmente da Bahia, Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí.”

A cultura da castanha está enraizada no povoado e, desde cedo, Maria Cristina trabalhava com o processo. Mas, antes da cooperativa, havia um intermediário nas relações entre beneficiários e comerciantes: o chamado “atravessador.”

Os atravessadores eram assim chamados porque traziam a matéria-prima de outras localidades para revender aos beneficiadores. Com altos valores de revenda e condições insalubres aos beneficiadores, o lucro do comércio não chegava aos lares de quem mais trabalhava no processo.

“Era um processo bem árduo, muitas famílias eram exploradas, era bem complicado”, conta. A figura do atravessador ainda existe, mas não tem espaço na cooperativa. Para Maria Cristina, “a história do povoado mudou muito, graças ao ReDes, e pode ser dividida em dois momentos: antes e depois do Itacastanha.”

Homens e mulheres da cooperativa Itacastanha posam para foto; todos estão uniformizados com aventais e toucas brancas
Desde que começou a integrar o Programa ReDes, a cooperativa Itacastanha assegurou melhores condições de trabalho aos beneficiadores dos frutos

Profissionalização

Antes de tornar-se cooperativa, o projeto era, na verdade, uma associação. Formada em 2000, o intuito era trazer melhores condições de trabalho às famílias que viviam do beneficiamento de castanha. Foi em 2011 que nasceu a cooperativa e, com a chegada do Programa ReDes, em 2012, surgia o embrião da Coobec.

Em busca de melhores condições de trabalho e renda para todos na comunidade, os cooperados puseram um fim à relação de dependência com os atravessadores e passaram a comprar a própria matéria-prima.

Já com uma visão de valorização do produto, passaram a beneficiar os produtos dentro da própria cooperativa. Com consultorias oferecidas pelo programa, além de orientação nos trâmites e burocracias para formalização do empreendimento, Maria Cristina ressalta a profissionalização da produção: “Antes era quase artesanal. Hoje temos códigos de barras, tabela nutricional, embalagem e, com isso, melhor condição de venda.”

Autonomia, profissionalização e produção em maior escala, somadas às consultorias de gestores e especialistas do Programa ReDes, fizeram com que a cooperativa conseguisse expandir sua distribuição e aumentar a variedade. Castanhas doces, salgadas e apimentadas com o selo Itacastanha já estão em bares de hotéis em toda Sergipe. Além disso, há a possibilidade de distribuição pela Rede Pão de Açúcar, a partir de maio de 2016.

Maria Cristina acredita no futuro promissor do empreendimento: “Eu acredito muito no produto e acho que esse é o caminho - a valorização da nossa cultura. O que sabemos é beneficiar castanha, então só faltava organização para expandir.”

Seu sonho é servir de exemplo, não apenas às famílias que ainda não integram a cooperativa, mas também em outras comunidades – independentemente do ramo do negócio. Obstinada, seu trabalho já rendeu frutos além castanhas: alunos da Universidade de Oklahoma já fazem pesquisas sobre a iniciativa, referentes ao marketing e logística. Talvez seja essa a porta para a exportar e levar os frutos do Brasil para o mundo.

#TodosGanhamAutonomia
Em parceria com as empresas da Votorantim, BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o Programa ReDes tem por objetivo contribuir com o desenvolvimento sustentável. A ação integra o Eixo de Dinamismo Econômico do Instituto Votorantim. Para saber mais, acompanhe nosso o Facebook Twitter YouTube .