O município de Niquelândia é conhecido por duas coisas: é o maior em extensão territorial de Goiás e famoso pela extração de minério. Localizado ao norte, a 327 km  da capital, é dividido em zona urbana e rural, popular pela bacia leiteira, mandioca, milho e soja. E é lá que fica o distrito de Criminoso e Silveira, que causa estranheza em quem ouve o nome pela primeira vez.

“Tenho muito orgulho de ser nascida e criada aqui e a cooperativa leva o nome por isso.” A fala é de Edivânia Ribeiro Spíndola, presidente da Cooperativa de Produção da Agricultura Familiar da Região do Criminoso e Silveira (Coopercrim), motorista e irmã de Eliane Ribeiro Spíndola, idealizadora do projeto Sabores da Fazenda.

Criado em 2010, o projeto integra, desde 2013, o Programa Redes, iniciativa do Instituto Votorantim, em parceria com o BNDES, que apoia a estruturação de negócios inclusivos. Dentre os 30 projetos inscritos na ocasião, o Sabores da Fazenda foi um dos três finalistas que receberam não apenas aporte financeiro, mas também consultorias e capacitações.

Ciente da demanda por merenda escolar na região, a cooperativa panificadora surgiu para concorrer à licitação da prefeitura local. E prosperou tanto que, no início de 2015,  já caminhava com as próprias pernas e deixou de receber investimentos externos, mas ainda sob orientação do programa. “Uma vez por mês, abrimos nossas contas para os profissionais do ReDes acompanharem o nosso crescimento. É muito importante prestarmos contas e mostrarmos que o investimento inicial deu retorno”, conta Edivânia.

Em 2013, o ganho médio das cooperadas girava em torno de R$ 300. Atualmente, a realidade é outra, com aumento de 400% e cerca de 30 produtos variados feitos na fábrica. Pães, bolos, biscoitos e outros quitutes integram a merenda escolar da região, duas grandes redes de mercados e padarias locais são os principais clientes das 13 cooperadas que trabalham na Coopercrim.

Com a prospecção de crescimento sustentável, a ideia, ainda em fase embrionária, foi considerada por muitos inviável. “Quando minha irmã apresentou o projeto capaz de gerar renda extra para as mulheres da região, muita gente a tachou de louca. Mas eu e minha mãe abraçamos a causa”, relembra.

Empoderamento feminino

Um dos maiores desafios na região, principalmente para as mulheres, era conseguir trabalho. “Aqui não tem idade certa para começar a trabalhar e, assim como a maioria, eu cuidava das tarefas domésticas, do trato dos animais e cozinhava. Os homens é que ganhavam dinheiro, e nós dependíamos deles”. E destaca que trabalhar em grupo é como um casamento: é preciso a renúncia de um lado, abrir mão de algumas coisas e ceder para que haja união.

Outra dificuldade também eram as entregas, restritas ao município antes do Programa ReDes. Edivânia, além de presidente, virou a motorista da cooperativa e é responsável pela logística dos produtos.

De renda complementar a principal, a iniciativa tem potencial de mudança efetivo. A empreendedora confessa: quando o programa chegou à região, todos ficaram desconfiados. “Achamos que era conto do vigário: como assim, chega do nada oferecendo dinheiro? Isso nunca aconteceu antes.”

Após os investimentos financeiros e as consultorias, o sonho agora é levar a marca Sabores da Fazenda até São Paulo. Graças ao planejamento, feito ainda durante o aporte, hoje há uma poupança que traz segurança ao empreendimento. Ciente do potencial de transformação do programa, a presidente da Coopercrim finaliza: “É possível, sim, tornar os sonhos realidade, desde que façamos por merecer”.

#TodosGanhamAutonomia
Em parceria com as empresas da Votorantim, BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o Programa ReDes tem por objetivo contribuir com o desenvolvimento sustentável. A ação integra o Eixo de Dinamismo Econômico do Instituto Votorantim. Para saber mais, acompanhe nosso o Facebook, Twitter e YouTube.