A vontade de ver a comunidade onde nasceu se desenvolver e a intenção de trabalhar para si e para a família são marcas na vida de Josinei José Santana, agricultor e vice-presidente da Associação Quilombola de Rio do Sul, uma das organizações apoiadas pelo Programa ReDes no extremo sul da Bahia.

Dinei, como é conhecido, nasceu há 40 anos em uma família de 15 filhos ali mesmo, em Rio do Sul. A comunidade pertence ao município de Nova Viçosa, mas que fica cerca de duas horas de viagem da sede. Está mais perto do distrito de Posto da Mata, que é a referência para a população local.

“Desde pequeno trabalhei na agricultura e isso é o que eu sei e gosto de fazer. Mas a vida às vezes ficava muito difícil e eu precisei sair várias vezes pra buscar serviço e sustentar a família”, afirma. Nessas andanças, ele já esteve em cidades da região e chegou a ir a São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG) e trabalhou na construção civil, em posto de gasolinas e em empreiteiras. “Saia quando precisava, mas sempre queria voltar.”

Em 2005, ele participou da criação da Associação Quilombola de Rio do Sul com a intenção de organizar os moradores e facilitar na venda dos produtos. Mas para Dinei a virada começou a acontecer mesmo em 2010. “Decidi que tinha que trabalhar pra mim e para minha família e que queria contribuir para a melhoria da comunidade. De lá pra cá, não saí mais daqui.”

Dinei afirma que os programas governamentais têm contribuído para a venda dos produtos. A associação já vendeu para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), programa do governo federal que estabelece a utilização de, no mínimo, 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Educação para alimentação escolar na compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando os assentamentos de reforma agrária, comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.

“Tivemos dificuldade para fechar a entrega. Mas agora estamos mais organizados e queremos acessar de novo.” A associação também vende para atacadistas da região. Dinei também destaca que o apoio do ReDes, do Programa de Desenvolvimento Rural e Territorial (PDRT), da Fibria, empresa do Grupo Votorantim e de programas de outras empresas instaladas na região tem contribuído para que a comunidade se estruture.

Ele acredita que a filha, de 20 anos, e o neto, de 1 ano, vão conseguir ter um futuro melhor na comunidade. “Acho que todo mundo quer ficar aqui. Se se tivesse trabalho, ninguém saía. Agora que as coisas estão melhorando, tem muita gente voltando pra cá”, comemora.