Negócios inclusivos apoiados pelo Programa ReDes estão incentivando seus associados a retomarem os estudos. Na Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Várzea Grande (Asscavag) no Mato Grosso, cerca de 30 pessoas têm participado de aulas, que acontecem diariamente em dois períodos. Após negociações com o poder público, foram disponibilizadas classes de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no próprio galpão que o grupo trabalha.

Esse espaço passou a ser considerado uma sala anexa da Escola Estadual Licínio Monteiro. No período da manhã, acontecem as aulas do segundo e terceiro segmentos (equivalentes ao ensino fundamental 2 e ao ensino médio, respectivamente), e, à tarde, há uma turma do primeiro segmento (com conteúdo do ensino fundamental 1).

Suely Souza de Almeida, vice-presidente da Asscavag, explica que muitos associados nunca foram à escola e que agora estão tendo a possibilidade de se alfabetizar. As aulas começaram há dois meses e ainda há novos alunos chegando. “Abrimos a oportunidade para pessoas da comunidade participarem das aulas também e estamos divulgando nas ruas e pontos de ônibus do bairro Cidade de Deus, onde está a associação.”

A alfabetizadora e pedagoga Rosana Terezinha de Jesus Pereira destaca que o grupo de alunos que está cursando o primeiro segmento tem obtido uma grande evolução na comunicação. “Está sendo maravilhoso trabalhar com essas pessoas. Muitos aqui estão aprendendo a ler e escrever e eles são muito dedicados. Temos até uma aluna de 84 anos”, conta.

Para os associados, a comodidade de poder estudar no local e no período de trabalho é um grande diferencial. “É uma ótima oportunidade de seguir adiante. Se eu tivesse que trabalhar o dia todo e estudar à noite, ia acabar desistindo”, afirma Carmelinda Pereira, 56 anos, associada e uma das fundadoras da Asscavag. Ela conta que havia parado de estudar mais de 20 anos atrás, e que agora tem a oportunidade de finalizar o ensino médio.

Tudo pelo aprendizado

Já em Fercal (DF), membros da Associação do Grupo de Mulheres Produtoras do Assentamento Contagem ainda não têm a mesma facilidade. O grupo de 26 pessoas que está cursando os três segmentos de EJA precisa viajar 12 quilômetros, do assentamento onde está localizado o negócio até a sede da região administrativa, para cursar aulas noturnas.

“Estamos tentando com a administração local e também com a Regional de Ensino, mas até agora não conseguimos transporte para os alunos”, explica Maria das Dores de Morais Silva, presidente da associação.  Ela conta que algumas pessoas do assentamento que possuem carro estão se dividindo para levar os alunos, mas teme que essas dificuldades façam com que muitos desistam.

Maria das Dores destaca que a volta aos estudos é muito importante para os associados neste momento em que estão estruturando um negócio. “Estudar é importante para nos dar independência, para que possamos cuidar de nossos documentos e atas sem depender dos outros.”